Gestão de Diretoria (2016-2017)
Prezados Colegas
Os recursos diagnósticos e o tratamento das Arritmias Cardíacas sofreram um dos maiores desenvolvimentos tecnológicos vistos dentro da área da Cardiologia mundial nos últimos 30 anos. Assim, o estudo da Arritmologia Cardíaca tornou-se bastante complexo: o conhecimento dos mecanismos eletrofisiológicos hereditários ou adquiridos, dos crescentes recursos oferecidos pelos sistemas de estimulação cardíaca artificial e dos diferentes métodos de investigação diagnóstica aprofundaram-se e passaram a requerer treinamento longo, intenso e dedicado por parte dos candidatos a especialistas na área. As ablações cirúrgicas converteram-se em procedimentos minimamente invasivos e realizados por meio de cateteres, ao passo que o implante de marcapassos ficou tecnicamente menos complexo. Essa transformação possibilitou que fossem praticados não somente por cirurgiões cardíacos, mas também por cardiologistas interessados em intervenção.
Por outro lado, os dispositivos implantáveis tornaram-se mais sofisticados, exigindo conhecimento profundo em eletrofisiologia cardíaca para manipulá-los e otimizá-los de acordo com a necessidade de cada paciente. Assim sendo, cirurgiões cardíacos, apesar de sua destreza e habilidade no implante, passaram a necessitar de treinamento adicional teórico para seguir a especialidade.
Atualmente, a tendência em todo o mundo, não diferente no Brasil, é que os especialistas em Arritmologia Cardíaca tenham uma formação acadêmica e prática completa, que abranja de forma irrestrita todos os ramos dessa importante subespecialidade, quais sejam: a Arritmia Clínica, os Métodos Diagnósticos, a Eletrofisiologia Intervencionista e a Estimulação Cardíaca Artificial, já que estes ramos se imbricam na maioria das situações práticas e não podem ser dissociados para o bem do paciente.
Ao longo do tempo e seguindo essa tendência mundial, o Departamento de Arritmias e Eletrofisiologia Cardíacas da SBC (DAEC) transformou-se na Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), contemplando em suas coordenadorias, todas as áreas de conhecimento do campo das arritmias.
Nos últimos anos, colocadas motivações e responsabilidades à parte, uma crise política provocou um afastamento entre a SOBRAC e o Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (DECA), vinculado à SBCCV. Esta diretoria entende que, embora com diferentes formações acadêmicas, cardiologistas clínicos e cirurgiões cardíacos, interessados na área das arritmias, deveriam caminhar em parceria para o fortalecimento da especialidade, para promoção de educação médica continuada, na defesa profissional, na formação de especialistas e outras possíveis novas conquistas como a área de atuação em estimulação cardíaca, especialmente numa era em que somente a aliança poderá promover a força necessária para efetivar essas ações.
Esta gestão respeita o pioneirismo do DECA, mas entende que uma dicotomização entre profissionais que atuam na mesma área, que aspiram por uma especialidade forte e que tenham interesses afins não poderá ser saudável. Grande parte dos sócios da SOBRAC são também associados do DECA e vice versa, atuam em clinica, métodos diagnósticos, eletrofisiologia e estimulação cardíaca artificial. E são tanto clínicos como cirurgiões em sua formação de base.
Porisso, nosso principal objetivo será a conciliação entre os departamentos e a retomada de uma parceria para a busca efetiva por objetivos comuns. E quem sabe, se essa for a intenção de todos, inclusive das nossas sociedades mães, possamos promover programas conjuntos de formação de especialistas, assim como estabelecer regulamentações para futuros centros formadores, por meio de comissões representativas de ambos os departamentos.
Encerramos essa mensagem agradecendo o seu voto, a sua confiança e nos comprometendo a promover tudo aquilo que for necessário para proteção, aprimoramento e crescimento de nossa especialidade no Brasil.
Cordialmente,
Denise Tessariol Hachul