Desafio Eletrocardiográfico
Múltiplas taquicardias, qual o mecanismo?
Muhieddine Chokr / Cristiano Dietrich
Resposta F
Frente ao traçado da taquicardia, há alguns achados que podem auxiliar no diagnóstico eletrofisiológico. Primeiro, a mudança no padrão do complexo QRS. Segundo, mudança do ciclo de frequência, ou seja, do intervalo RR entre os diferentes padrões do complexo QRS. Terceiro, o intervalo RP e sua relação com o ciclo de frequência da arritmia.
Na figura 2, demonstra estes três achados. Na presença de BRE, nota-se que o ciclo de frequência (380ms) é nitidamente diferente em relação a este intervalo aferido durante o padrão de BRD (300ms) e complexo QRS estreito (300ms). Analisando a posição da onda P em relação ao complexo QRS precedente, observa-se que durante o período de BRE (200ms) o intervalo RP é superior aos registrados nos ciclos de BRD (130ms) e QRS normal (130ms). Isto sugere que o atraso está entre a ativação ventricular e atrial, afastando a possibilidade de taquicardia atrial ou flutter atrial. Também afasta-se os diagnósticos de taquicardia ventricular ou taquicardia pré-excitada por feixe de Mahaim pelo registro da taquicardia com padrões diferentes de complexo QRS.
O traçado é diagnóstico de uma taquicardia ortodrômica utilizando um feixe acessório inserido na parede livre do anel mitral como alça retrógrada e o nó atrioventricular como alça anterógrada do circuito de macroreentrada. A presença de BRE com maiores intervalos, ciclo de frequência e intervalo RP, é patognomônico do mecanismo. Quando o ciclo ocorre na presença do BRE há um maior trajeto para o impulso elétrico que necessita descer pelo nó atrioventricular, feixe de His e ramo direito (ramo esquerdo bloqueado), atravessando o septo interventricular para subir através da musculatura do ventrículo esquerdo e atingir novamente o átrio através do feixe acessório localizado em região lateral do anel mitral. Na presença de BRD e complexo QRS estreito, isto não ocorre já que o ramo esquerdo está conduzindo normalmente e exclui-se do circuito a condução transseptal (pelo septo interventricular). Figura 3 ilustra estes achados.

Figura 3: ilustração do circuito de reentrada durante a taquicardia ortodrômica por feixe acessório lateral esquerdo.
O paciente foi submetido ao estudo eletrofisiológico que confirmou o diagnóstico de feixe acessório lateral esquerdo e indução de taquicardia por reentrada atrioventricular na forma ortodrômica. Através de punção transseptal, foi realizada ablação por cateter com sucesso do feixe acessório inserido em região lateral do anel mitral.
5 commented on “Múltiplas taquicardias, qual o mecanismo?”
CASO BEM PERTINENTE !! LOGO IDENTIFIQUEI A VIA ACESSORIA , DEVIDO A PRESENÇA DO PR CURTO , DO RP LONGO E DA OSCILAÇÃO DA AMPLITUDE DO QRS !! DEFINIDA TSV POIS NÃO PREENCHE CRITÉRIOS PARA TV !! INTERESSANTE A TRANSIÇÃO E VARIAÇÃO ENTRE BRE E BRD DURANTE A TAQUIARRITMIA DEVIDO PROVAVELMENTE A VARIAÇÃO DA REFRATARIEDADE DOS RAMOS !! ACHO QUE A VIA LATERAL ESQUERDA MAIS DIFÍCIL DE DETERMINAR PELO ECG DURANTE A TSV , DEVIDO A VARIAÇÃO DO QRS ENTRE OS RAMOS D/E , MAS OBSERVO QUE DURANTE A TSV COM BRD O QRS POSITIVO PODE DEMONSTRAR A DIREÇÃO NO SENTIDO DA VIA NA PAREDE LATERAL ESQUERDA ORTODRÔMICA !! BEM LEGAL !! ÓTIMO CASO !!
CASO BEM PERTINENTE !! LOGO IDENTIFIQUEI A VIA ACESSORIA , DEVIDO A PRESENÇA DO PR CURTO , DO RP LONGO E DA OSCILAÇÃO DA AMPLITUDE DO QRS !! DEFINIDA TSV POIS NÃO PREENCHE CRITÉRIOS PARA TV !! INTERESSANTE A TRANSIÇÃO E VARIAÇÃO ENTRE BRE E BRD DURANTE A TAQUIARRITMIA DEVIDO PROVAVELMENTE A VARIAÇÃO DA REFRATARIEDADE DOS RAMOS !! ACHO QUE A VIA LATERAL ESQUERDA MAIS DIFÍCIL DE DETERMINAR PELO ECG DURANTE A TSV , DEVIDO A VARIAÇÃO DO QRS ENTRE OS RAMOS D/E , MAS OBSERVO QUE DURANTE A TSV COM BRD O QRS POSITIVO PODE DEMONSTRAR A DIREÇÃO NO SENTIDO DA VIA NA PAREDE LATERAL ESQUERDA ORTODRÔMICA !! MAS FICARIA PRA DEFINIR A VIA ACESSORIA POR EEF !!BEM LEGAL !! ÓTIMO CASO !!
Muito bom! Quando vi o traçado lembrei dos ECGs prediletos do Brugada!
Ótimo caso!
O BRD foi induzido por cateter ou foi espontâneo ?