Desafio Eletrocardiográfico

Fibrilação atrial, qual sua conduta?

Autores: Cristiano Dietrich / Muhieddine Chokr

O Caso

Paciente de 68 anos, sexo masculino, foi encaminhado pelo seu cardiologista para internação e realização de cardioversão elétrica por taquiarritmia atrial (figura 1). Vinha sob anticoagulação oral regularmente há 3 semanas e com controle de frequência cardíaca com metoprolol 50mg/dia. Após realização de ecocardiograma transesofágico, foi submetido a CVE sincronizada com sucesso. No dia seguinte, realizado novo ECG antes da alta hospitalar (figura 2).

Figura 1: ECG (internação).

Figura 1: ECG (internação).

Figura 2: ECG (definição de alta hospitalar)

Figura 2: ECG (definição de alta hospitalar).

Qual sua conduta?

Carregando ... Carregando ...


Discussão:

Resposta: Alternativa A

Neste caso, o paciente foi encaminhado para cardioversão elétrica por fibrilação atrial persistente sintomática. O procedimento foi realizado com sucesso. Na alta hospital, o paciente encontrava-se assintomático. O ECG realizado demonstra uma oscilação rápida da linha de base com morfologia muito semelhante ao ECG anterior (precedeu a CVE). Isto poderia sugerir que o paciente apresenta recorrência da taquiarritmia atrial, sendo necessário o manejo.

A análise do padrão de ativação atrial apresenta uma característica muito semelhante em todas derivações, não possibilitando a localização de um foco atrial adequadamente. Além disto, o padrão poderia sugerir uma atividade por miopotenciais não-cardíacos, como por exemplo no caso o tremor parkinsoniano. Outro ponto que auxilia é a identificação de alguma derivação que não demonstre a interferência externa (figura 3). Nesta derivação, pode ser documentado o ritmo que levou a CVE (figura 3a), fibrilação atrial, e o ritmo após cardioversão, sinusal (figura 3b).

Figura 3: Ritmo antes da cardioversão (a) é fibrilação atrial demonstrado pela irregularidade do complexo QRS e presença de onda f. Após a reversão, o ritmo sinusal é demonstrado (b).

Figura 3: Ritmo antes da cardioversão (a) é fibrilação atrial demonstrado pela irregularidade do complexo QRS e presença de onda f. Após a reversão, o ritmo sinusal é demonstrado (b).

Pontos chaves para diagnóstico da arritmia: 1) irregularidade dos intervalos R-R (fig 1) e regularidade dos intervalos R-R (fig 2); e 2) presença de onda f (fig 1 e 3a) e onda P sinusal (fig 2 e 3b).

Este caso exemplifica a necessidade de uma cuidadosa análise do eletrocardiograma para evitar desnecessárias intervenções. O paciente recebeu alta sob anticoagulação oral, sem recorrência da arritmia no seguimento de 1 ano.


Referência bibliográfica

2 commented on “Fibrilação atrial, qual sua conduta?

Deixar um comentário

Seu email não será visível para os visitantes, campos com (*) são obrigatórios

* *